Pouco tempo depois da Covid-19 entrar no país, a equipa de Ação Social do Município de Alenquer criou uma linha que visa apoiar as pessoas que ficaram em situações vulneráveis devido à pandemia.
A 13 de Março, perante o encerramento dos serviços municipais ao público, a Câmara Municipal de Alenquer decidiu criar uma linha de apoio psicossocial, com o intuito de apoiar os residentes no concelho em situações de vulnerabilidade. A linha passou a funcionar como um canal direto de comunicação entre os munícipes e a equipa de Ação Social do Município, composta por três técnicas, que tentam responder às necessidades de quem as procura. Nove meses depois da sua criação, a linha de apoio psicossocial já serviu 584 pessoas.
Rui Costa, vereador e Vice-Presidente da Câmara Municipal de Alenquer, esclarece, em entrevista ao jornal Nova Verdade, que a equipa da rede social pode dar apoio “aos mais variados pedidos de ajuda, quer sejam pedidos de apoio financeiro, quer seja para apoio à habitação, apoio alimentar, para aquisição de medicamentos, ou até apoio psicológico”. A ajuda municipal pode ser dada de duas formas distintas: se for um assunto onde a Câmara pode intervir de imediato, a resposta é dada no momento; caso o pedido de ajuda se trate de algo que ultrapassa as competências do executivo, então, a equipa de ação social contacta as instituições mais adequadas para a resolução do problema.
A Câmara Municipal de Alenquer disponibilizou também, na mesma altura, a Linha Concelhia de Apoio a Migrantes, que se destina a apoiar a comunidade estrangeira que reside ou trabalha no concelho. “Dos contatos que recebemos, 30 por cento pertencem à população emigrante”, esclarece Rui Costa. “Foram dos primeiros a perder o emprego e não sabiam a quem mais recorrer, muitos até queriam sair do país, mas não tinham condições para o fazer”. O vereador esclareceu que o apoio está igualmente disponível para aqueles cuja situação ainda não esteja regularizada: “Sabemos que há imigrantes que ainda não têm a sua situação legalizada, mas nós não estamos cá para julgar, estamos aqui somente para apoiar”, sublinhou Rui Costa.
Quase 400 contactos partiram de agregados familiares com dificuldades económicas, agravadas pela quebra de rendimentos. A pandemia e a consequente paragem na economia, trouxeram consequências diretas para as finanças das famílias, como explica o vereador: “As pessoas contactavam-nos, ou porque tinham ficado no desemprego, ou porque estavam em regimes de lay-off e não recebiam dinheiro suficiente para pagar as contas”. Nestes casos, a Câmara Municipal optava por ajudar a pagar as contas ou oferecia apoio alimentar.
A pandemia, e em especial a época de confinamento, também obrigou a uma atenção redobrada perante as questões da saúde mental. A linha psicossocial serviu também como recurso para aqueles que sentiam a necessidade de obter uma acompanhamento psicológico. “Fomos contactados por pessoas que perderam os familiares, por pessoas que estavam em pânico ou que não conseguiam sair de casa”, afirmou o Vice-Presidente. Até dezembro, a equipa de psicólogos realizou 120 consultas via telefone a pessoas em situações de fragilidade e mais de 30 idosos em situação de isolamento procuraram a linha para receber algum tipo de acompanhamento. A Câmara criou uma lista de pessoas em diferentes situações, a quem, consoante o grau risco, ligavam pelo menos uma vez por semana. “Ligamos a quase 700 idosos durante todo este período, para nos certificarmos que está tudo bem com eles”, refere Rui Costa.
Iniciativa com balanço positivo
Segundo os dados partilhados pelo executivo, o número de chamadas tem vindo a diminuir, contudo prevê-se que a partir de Janeiro haja um novo aumento do número de chamadas, pois “independentemente de já existir uma luz ao fundo do túnel, a situação económica das famílias pode voltar a piorar, uma vez que vão terminar algumas das moratórias que estão agora em vigor”. O Vice-Presidente afirma que há duas formas de olhar para os números referentes à linha psicossocial: “Se pensarmos em números redondos temos perto de 50 mil habitantes em todo o concelho, logo este serviço foi requerido por cerca de 1,5% da população do concelho, o que parece pouco, mas não o é, se compararmos com outros períodos em que estes números são muito menos significativos”. No entanto, o vereador vê um lado positivo nos dados: “Estes valores também nos dizem que a esmagadora maioria da população, mesmo as que têm menos rendimentos – e nós já apoiávamos cerca de 500 famílias todos os meses através de diversos projetos – conseguiram superar as dificuldades, até porque a Câmara duplicou os apoios às famílias.”
Para auxiliar a população durante a crise pandémica, a Câmara Municipal criou ainda um endereço eletrónico (coronavirus@cm-alenquer.pt) que pode ser utilizado para ver esclarecidas quaisquer dúvidas sobre as medidas implementadas para combater a Covid-19, tanto no país, como no concelho. Numa fase inicial as questões colocadas relacionavam-se com as medidas de higiene e segurança a cumprir, mas com o passar dos meses o e-mail começou a ser utilizado maioritariamente por agentes económicos. “Estamos constantemente a receber contactos das lojas e dos restaurantes, para tentarem perceber as medidas em vigor, e, no fundo, para terem alguma confiança no serviço que prestam”.
Apesar destes mecanismos terem sido criados no âmbito da pandemia, Rui Costa reforça que “a rede social do concelho existe e está disponível de forma contínua, durante todo o ano”. O vereador salienta ainda que a linha psicossocial é um apoio criado com o objetivo de ajudar, “independentemente da situação em que a pessoa se encontra”, e que ao ligar “só pode acontecer algo positivo”.