João Arsénio, vice-presidente do núcleo concelhio do CHEGA em Alenquer, enviou à redação da Voz de Alenquer um comunicado no qual dá conta da demissão do cargo, com base em “divergências sérias em relação à atual liderança da Concelhia, exercida por Carlos Sequeira [presidente da concelhia do CHEGA]”.

De acordo com a mesma nota, para além do vice-presidente, outros três membros da concelhia decidiram abandonar os respetivos cargos. “Tornou-se evidente para mim que Carlos Sequeira não possui a capacidade necessária para continuar a liderar esta estrutura”, escreve João Arsénio, sublinhando “a ausência de proximidade entre o presidente atual do núcleo e a realidade do concelho”.

No seguimento do anúncio da demissão, o vice-presidente cessante acrescentou acreditar “firmemente que a liderança concelhia do partido deve estar enraizada no próprio concelho, representada por alguém que conheça as gentes, os costumes e as necessidades específicas da comunidade”, sendo que, na visão de João Arsénio, “manter a atual liderança é uma decisão prejudicial para o CHEGA e desrespeitosa para com os militantes e apoiantes de Alenquer”.

João Arsénio diz-se disponível para ser candidato à Câmara nas autárquicas

Para além do vice-presidente, a par desta demissão, outros três membros da concelhia, Inês Alves, Ricardo Prates e Diogo Ventura, abandonam igualmente os cargos ocupados. Apesar da demissão do cargo de vice-presidente, João Arsénio afirmou que vai continuar comprometido com o partido e com os valores que o mesmo representa, mantendo as funções de deputado municipal.

Em declarações à Rádio Voz de Alenquer, o deputado municipal afirmou ter disponibilidade para ser candidato do CHEGA às autárquicas do próximo ano, acrescentando que, tanto a nível de concelho como distrital, estava acordado que em 2025 seria ele próprio o candidato à Câmara Municipal de Alenquer pelo partido.

“Não se demitiu, porque foi exonerado da posição”

Na sequência do comunicado recebido, a Rádio Voz de Alenquer contactou Carlos Sequeira, atual presidente da concelhia do CHEGA em Alenquer, que encabeçou as listas do partido nas autárquicas de 2021, para uma reação à mensagem e à decisão de João Arsénio.

Em declarações exclusivas, Carlos Sequeira refere que lamenta e “repudia algumas palavras que foram expressas pelo João Arsénio, pessoa que sempre considerei”.

O presidente da concelhia não quis “expor muita coisa” do que se passa na estrutura local, “até pela consideração que tem pelo trabalho do deputado na Assembleia Municipal”, mas avançou que João Arsénio “não se demitiu, porque foi exonerado da posição de vice-presidente da concelhia pela própria distrital e pela concelhia. A distrital convidou-o a sair da concelhia”. 

Uma das razões encontradas por Carlos Sequeira para a “indignação” de João Arsénio está no facto de “o partido não ter permitido que fossemos ou apoiássemos o movimento independente” nas eleições autárquicas de 2025, referindo-se ao movimento TODOS. “O João, nas nossas reuniões, fazia sempre questão de frisar que queria que o partido apoiasse o movimento”, mencionou Carlos Sequeira, que lembra, no entanto, que as indicações do partido, mesmo a nível nacional, eram de não apoiar nenhum movimento independente. 

Carlos Sequeira elogia o trabalho que João Arsénio tem feito em prol do partido no concelho e reconhece que o agora antigo vice-presidente da concelhia foi, de facto, convidado para ser o candidato do CHEGA à Câmara Municipal de Alenquer nas próximas eleições autárquicas, mas avançou que “existiram razões para a distrital cortar o nome”.

Uma vez que no partido liderado por André Ventura as estruturas locais não são eleitas mas sim convidadas, os lugares deixados vagos vão agora ser preenchidos por outros elementos, “um processo que está a ser tratado”, sendo que Carlos Sequeira se mantém como presidente da concelhia.

Sobre as eleições autárquicas do próximo ano, Carlos Sequeira avança que o nome de João Arsénio não vai entrar nas listas do partido. Quanto à escolha do candidato, disse que, “por agora, existem outras prioridades” e admitiu que o seu nome está em cima da mesa, “como o nome de outros militantes”. 

Como já referido, João Arsénio vai manter-se como deputado do CHEGA na Assembleia Municipal de Alenquer até ao final deste mandato.